Fomos para as margens do córrego Cercadinho, um dos cursos d’água que compõe a bacia de mesmo nome, na região oeste de Belo Horizonte. O Cercadinho já foi o principal manancial da cidade, sua nascente fica no bairro Olhos d'Água, e percorre cerca de 6,5 quilômetros, recebendo as águas de seus afluentes, até desaguar no Ribeirão Arrudas. As margens e redondezas dos córregos abrangem os bairros Buritis, Estoril, Estrela Dalva, Havaí, Palmeiras e Marajó. O trecho em que nos instalamos para pintar fica no bairro Havaí.
Uma excessão no contexto da cidade, o Cercadinho e o Ponte Queimada estão a céu aberto, com algumas nascentes preservadas. A maior parte dos córregos da cidade foram violentados, tamponados, canalizados e transformados em esgoto, sendo poucas as águas – nascentes, córregos e ribeirões – que restam a céu aberto e que são vividas como espaço social e ecológico. Atravessados por modos de ocupação urbana muito diversos (áreas de preservação ambiental, muros, condomínios cercados, parques, pequenos bolsões verdes e casas) e recebendo o esgoto ao longo do seu curso, Cercadinho e Ponte Queimada têm potencial para ser um parque linear com águas limpas.
Dentro dessa percepção ecológica de preservação das águas, nosso grupo experimentou o espaço como ambiente de criação.
A coordenadora do projeto, artista e arquiteta Louise Ganz trabalhou no local em 2020, durante a 1ª Mostra Córregos Vivos quando defendeu que “as bacias hidrográficas deveriam ser o ponto de partida para a vida cotidiana, ambiental e cultural da população.” Outra iniciativa para dar visibilidade a um dos poucos córregos a céu aberto ainda existente na capital é o projeto @cercadinho_ponte.queimada_vivo, que atua no cuidado e preservação dos córregos Cercadinho e Ponte Queimada. Para conhecer o projeto Mostra Córregos Vivos: www.corregosvivos.com.br
23/09/2022