Fomos pintar na Praça de Iemanjá, na orla da Lagoa da Pampulha. É nela que ocorre a Festa de Iemanjá, sempre no sábado mais próximo do dia 15 de agosto. O Dia de Iemanjá é comemorado dia 2 de fevereiro em outros lugares do Brasil, porém, em Belo Horizonte, a Festa de Iemanjá ocorre na mesma data do Dia da Assunção de todas as Nossas Senhoras e de Nossa Senhora da Boa Viagem, padroeira da capital.
A festa ocorre há 69 anos, de modo espontâneo, iniciada pelos terreiros que faziam homenagem a orixá na orla, de modo discreto, pelo medo da perseguição religiosa.. O monumento a Iemanjá, esculpido pelo artista José Synfronini, foi inaugurado em 1982, tendo sido, inicialmente, produzido em mármore sintético branco e instalado na praça. Porém, a escultura era constantemente alvo de intolerância religiosa, o que fez com que em 1988, a substituíssem por outra feita em bronze, material mais resistente. Persistindo os ataques, em 2003, a escultura foi transportada para o espelho d'água, distante 10 metros da orla.
Já em 2007, houve a inauguração do Portal da Memória, monumento feito em homenagem às matrizes culturais africanas de Belo Horizonte, criado pelo artista mineiro Jorge dos Anjos. Sobre o trabalho, o artista disse, em uma entrevista dada a Bruno Fonseca, Gabriel Rodrigues e Júlia Valadares:
“Quando lá na África os negros eram escravizados, eles eram obrigados a dar voltas de costas com os olhos vendados em torno de um baobá enorme. Era para perder a memória, para não lembrar de família, de mais nada, antes de serem trazidos para cá, do outro lado do Atlântico. A ideia da escultura é ser o Portal da Memória, o contrário da árvore do esquecimento. É para não esquecer.”
O artista nasceu em Ouro Preto em 1957 e utiliza em suas esculturas materiais como ferro, pedra-sabão, madeira, marcas do ferro na tela e fogo no feltro, criando peças de grande ou pequenas dimensões.
Bem próxima à Praça de Iemanjá encontra-se a Casa do Baile, construção projetada por Oscar Niemeyer para o Conjunto Moderno da Pampulha, em 1942, com paisagismo de Roberto Burle Marx. Durante os anos 40 e 50, na Casa foram realizados eventos promovidos pela prefeitura e por particulares, como o Baile de Debutantes Mineiras, promovido pela Sra. Sarah Kubitschek. Mas em 1954, com o rompimento da barragem da Pampulha, a Casa do Baile foi fechada e permaneceu assim até 1957, como depósito da prefeitura. Atualmente, a Casa abriga o Centro de Referência de Arquitetura, Urbanismo e Design.
31/03/2023